sábado, 30 de janeiro de 2010

Nº56: Jorge Paulo Cadete dos Santos Reis


  • Jorge Paulo Cadete dos Santos Reis.
  • Avançado.
  • Nasceu a 27 de Agosto de 1968 em Porto Amélia (Moçambique).
  • Títulos no Sporting: 1 Taça Portugal (1994/95) e 2 Supertaça (1987/88 e 1995/96).
  • 33 Internacionalizações com 5 golos marcados.



Este post é especial para mim, pois trata-se de Jorge Cadete, o meu ídolo de infância, um dos melhores avançados portugueses da década de 90. Naquela altura, para mim, Balakov era o melhor jogador da equipa, mas no recreio eu queria era ser o Cadete, o que marcava os golos, o que dava tudo o que tinha por esta camisola verde e branca que é sagrada para mim (e para ele). Era um avançado batalhador, que nunca dava uma bola por perdida, raçudo, um grande capitão do Sporting. Destacava-se também pela sua enorme agressividade, grande velocidade e um excelente cabeceamento e tempo de salto. Acabou por ser uma estrela no Sporting e no Celtic não vingando nos outros clubes por onde passou, especialmente no Benfica para onde se arrepende de ter ido e de lá ter dito uma ou duas coisas. É sportinguista de coração e por ele tinha ficado para sempre no Sporting, mas foi empurrado para fora do clube por algumas pessoas, com destaque para o adjunto Queiroz (deve ser daí que vem a minha antipatia por tal pessoa), falando-se neste momento num possível regresso a casa. Agora que fiz a maior introdução de sempre a um jogador deste blog passemos à sua carreira.



Começou a sua carreira no clube da terra, o Académico de Santarém até ser levado para Alvalade, depois de ter marcado uns incríveis 43 golos em 18 jogos. Aí fez a etapa de juvenis e juniores, sendo internacional pelas camadas jovens portuguesas por 10 ocasiões.
Chegou à equipa principal leonina na época de 1986/87, estreando-se logo na 1ª jornada, pela mão de Keith Burkinshaw, numa vitória por 4-1 frente ao Rio Ave. Entrou aos 80m para o lugar de Marlon. A sua estreia a titular foi na 3ª jornada, jogando a extremo esquerdo na vitória do Sporting por 2-0 frente ao Farense, com golos de Venâncio aos 43m e Paulinho Cascavel aos 51m. Nesse dia, o Sporting alinhou com: Rui Correia; João Luís, Venâncio, Duílio e Vítor Santos; Marlon, Oceano, Mário e Cadete (Carlos Xavier, 73m); Paulinho Cascavel e Silvinho. Até final da época jogaria em mais 6 jogos contando com todas as competições. Em 1988/89, foi emprestado ao V. Setúbal onde jogou com Jordão, sendo importante esta sua etapa de aprendizagem. Foi utilizado em 29 jogos e marcou 8 golos no excelente 5º lugar da equipa treinada por Manuel Fernandes.



Regressa a casa para a época de 1989/90. Ao princípio é pouco utilizado por Manuel José, mas é ainda com este treinador ao comando da equipa que marca o seu primeiro golo em jogos oficiais com a camisola do Sporting. Foi no dia 3 de Dezembro de 1989, em Santa Maria da Feira numa difícil vitória do Sporting por 2-1, com golos de Gomes aos 6m e Cadete aos 60m. Nesse dia, o Sporting apresentou a seguinte equipa: Ivkovic; João Luís, Luisinho, Venâncio e Leal; Carlos Manuel, Valtinho, Douglas e Marlon; Gomes (Filipe, 88m) e Cadete (Edel, 89m).
A época acabou por não correr bem em termos colectivos, mas Cadete fazia ao lado de Gomes um aperfeiçoamento das suas capacidades. Jogou um total de 30 jogos com 7 golos marcados, todos eles no Campeonato, conseguindo algumas assistências.



Estreia-se pela selecção nacional no dia 29 de Agosto de 1990, pela mão de Carlos Queiroz frente à RFA e inicia a época com a moral em alta, pronto a explodir em definitivo.
De facto, explodiu. Em termos de golos apenas marcou 10, 1 na Taça de Portugal frente ao Peniche, 3 no Campeonato e 6 na Taça UEFA, na brilhante campanha da equipa leonina, conseguindo imensas assistências para Gomes marcar os 29 golos dessa época.
A sua estreia a marcar foi frente ao Boavista para o Campeonato, na 4ª jornada, marcando os seus outros 2 golos no Campeonato frente ao E. Amadora e ao U. Madeira. Na Taça UEFA marcou o seu primeiro golo ao Malines de Michel Preud’Homme, marcando mais um golo na 2ª Mão. Na eliminatória seguinte entra para a história do Sporting ao apontar 3 golos na goleada de 7-0 frente ao Timisoara, tornando-se num dos 11 jogadores leoninos que conseguiram fazer um hat-trick nas competições europeias (à data foi o 8º a consegui-lo; depois dele só Pedro Barbosa, Jardel e Liedson por duas vezes é que igualaram o feito. Depois só volta a fazer o gosto ao pé nos quartos de final frente ao Bolonha. Aliás, é nessa época que dá um grande contributo para ser o 6º melhor em termos de média de golos nas competições europeias com meio golo por jogo.
É nessa época, também, que se estreia a marcar pela selecção no jogo frente a Malta (marca o 4-0, sendo que o jogo acabou 5-0), jogo esse que foi o último de Artur Jorge ao comando da selecção.



Em 1991/92, com a saída de Gomes, torna-se o ponta de lança de referência. Tem a sua época mais produtiva com um total de 26 golos em 38 jogos. Estreia-se a marcar logo à 2ª jornada frente ao Famalicão e a 22 de Fevereiro entra para a história do Sporting, novamente, ao marcar, já como capitão de equipa, 4 golos na goleada por 5-1 na Madeira frente ao União. A equipa desse dia foi a seguinte: Ivkovic; Marinho (Litos, 9m), Luisinho, Leal e Paulo Torres; Figo, Douglas, Peixe e Balakov; Cadete e Iordanov (Filipe, 70m) e os golos surgiram aos 51m, 63m, 67m e 85m com Douglas a fechar as contas aos 88m. Os 25 golos no Campeonato não chegaram para ser o melhor marcador já que Ricky marcou 30 golos.
Foi nesta época que deu início a 91 jogos consecutivos de leão ao peito, marca que é a 6ª melhor até hoje.



Na época seguinte, ganha o prémio de melhor marcador do Campeonato com 17 golos. De resto, marca um total de 22 golos em 41 jogos realizados. Esse prémio venceu-o na última jornada, ao marcar 1 golo ao Paços Ferreira. Bobby Robson colocou a seguinte equipa a jogar nesse jogo: Rogério; Nélson, Peixe, Carlos Jorge e Paulo Torres; Capucho, Filipe, Porfírio (Balakov, 45m) e Figo (Iordanov, 57m); Cadete e Juskowiak. É essa a sua melhor época em termos de golos pela selecção, já que marca 3 golos frente a Escócia e Malta, em jogos seguidos.



Excelente equipa do Sporting em 1993/94.
Em cima, da esquerda para a direita: Lemajic, Peixe, Valckx, Cherbakov, Pacheco e Paulo Sousa.
Em baixo, pela mesma ordem: Cadete, Paulo Torres, Nélson, Figo e Balakov.


Em 1993/94 fez a sua última época a sério no Sporting. Realizou um total de 36 jogos e marcou 15 golos. Marcou o primeiro golo da época frente ao Salgueiros, voltando a concretizar ao longo do Campeonato. Foi dele o primeiro golo na derrota por 6-3 frente ao Benfica que deixou o Sporting praticamente arredado do título. Nessa época cortou a sua famosa cabeleira.
Na época seguinte, curiosamente Queiroz começa a deixar Cadete de fora, especialmente depois do jogo da 2ª Mão frente ao Real Madrid, relembre-se que nesse jogo Juskowiak atirou ao poste e a bola esteve a dançar em frente à linha de golo. Fez apenas 3 jogos, sendo emprestado ao Brescia. Por curiosidade há que referir que na história do Sporting, Cadete foi o 6º jogador a ser transferido para o estrangeiro, depois de Carlos Gomes, Damas, Oceano, Carlos Xavier e Paulo Sousa.
Em Itália, realiza 13 jogos e marca 1 golo.



Em 1995/96, regressa ao Sporting, mas Queiroz volta a deixá-lo de parte (bastante palavrão ouviu este senhor). Faz apenas 4 jogos (como se houvesse melhor avançado no Sporting), sendo que o seu último jogo foi a 8 de Novembro frente ao Tirsense quando entrou aos 65m para o lugar de Paulo Alves.
No dia 15 do mesmo mês, carimba o apuramento português para o Euro 96 ao fazer o 3-0 frente à Irlanda. Depois, a história é conhecida: Queiroz tinha em Cadete o único ponta de lança de raiz disponível para o jogo em Guimarães e diz-lhe que vai ficar no banco, este não aguenta mais e rescinde contrato com o Sporting seguindo para a Escócia para representar o Celtic. Chega e marca logo no jogo de estreia, ao todo foram 5 golos em 6 jogos.
É convocado para o Euro 96 por António Oliveira e faz 2 jogos como suplente utilizado, falhando um cabeceamento mesmo no fim no jogo que ditou a eliminação lusa.



No Celtic, vive uma época de 1996/97 assombrosa, ao tornar-se o primeiro português a ser o melhor marcador num campeonato estrangeiro. Realizou 31 jogos e marcou 25 golos, marcando mais 13 golos noutras competições, formando com Di Canio e Van Hooijdonk os “three amigos”. Recebeu o apelido de Goal Machine e foi presenteado com a conhecida música que lhe dava pele de galinha: There’s only one Jorge Cadete, he puts the ball in the net, he’s portuguese and he scores with ease, walking in Cadete wonderland.
Queixa-se do frio e da comida e é vendido ao Celta de Vigo, onde na primeira época faz 7 golos em 29 jogos, realizando o último jogo pela selecção nacional, frente à Inglaterra.
Em 1998/99, marca 1 golo em 7 jogos e transfere-se no Mercado de Inverno para o Benfica, ganhando a antipatia de muitos adeptos leoninos que o idolatravam. Estreia-se frente ao Sporting, em Alvalade, no jogo dos 2 auto-golos de Beto e reclama a sua autoria. Acaba por marcar 3 golos em 16 jogos, estreando-se a marcar frente ao Rio Ave, marcando o último golo frente ao Chaves.



Na nova época faz apenas 3 jogos e ruma novamente a Inglaterra para representar o Bradford sem sucesso, realizando 7 jogos.
Em 2000/01, assina pelo Estrela da Amadora, onde faz 21 jogos sem marcar. Marca 2 golos em 7 jogos na temporada seguinte e sai para o desemprego. É nesta altura que participa no Big Brother Famosos e conhece Nicole com quem vive cerca de 4 anos.
Em 2003/04, vai fazer uma experiência à Escócia, ficando no Partick Thistle, marcando apenas 1 golo em 8 jogos. Já em declínio na carreira, assina pelo Pinhalnovense, onde marca 2 golos em 5 jogos.
Finalmente em 2005/06, vai para os distritais jogar no São Marcos da Ataboeira com Pitico e Fernando Mendes, encerrando no final da época a carreira em definitivo.
Daí para cá abriu uma escola de futebol e tem sido presença notada em diversos eventos sociais e do Sporting, falou-se num envolvimento com a Miss Playboy Sara Santos, podendo regressar ao Sporting para relações públicas num futuro próximo.
Para acabar, faço uma citação de uma frase que li do Cadete com a qual concordo: “Poderá haver jogadores com algumas das minhas características, mas seguramente – sem vaidades – não vejo, nem nunca vi um jogador que reunisse as minhas qualidades em termos de agressividade, tempo de salto, velocidade e cabeceamento”.


Carreira

1987/88: Sporting

1988/89: V. Setúbal

1990/91: Sporting

1991/92: Sporting

1992/93: Sporting

1993/94: Sporting

1994/95: Sporting
Brescia

1995/96: Sporting
Celtic

1996/97: Celtic

1997/98: Celta

1998/99: Celta
Benfica

1999/00: Benfica
Bradford

2000/01: E. Amadora

2001/02: E. Amadora

2002/03: Sem Clube

2003/04: Partick Thistle

2004/05: Pinhalnovense

2005/06: São Marcos

Carreira no Sporting*

1987/88: 6;- / 1;- / 1;-

1989/90: 29;7 / 1;- / -;-

1990/91: 30;3 / 3;1 / 10;6

1991/92: 34;25 / 2;1 / 2;-

1992/93: 34;17 / 5;4 / 2;1

1993/94: 26;10 / 4;1 / 6;4

1994/95: 2;- / -;- / 1;-
(Até Outubro)

1995/96: 3;- / -;- / -;-
(Até Dezembro)

*Época: Campeonato (J;G) / Taça (J;G) / Europa (J;G)

Avaliação: Craque

14 comentários:

sloml disse...

Craque. Um dos maiores símbolos recentes do Sporting.

Maradona disse...

Só fizeste uma ligeira referência à cabeleira ( podias ter sido mais específico nesse assunto que te é tão caro) e podias ter posto a primeira foto a preto e branco. Com as listas verticais e o patrocínio da Ariston, engrandecias ainda mais o curriculum deste grande jogador, metendo-o a jogar na Juventus antes de ter vindo para o Sporting...

Aquela juba era um símbolo sportinguista. Acho que deviam fazer-lhe uma estátua. Podia ser só à juba!

:)

A passagem pelo benfica e o pelo big brother foram os momentos mais deprimentes. Todas as carreiras de sucesso os têm...

Um tipo que festejou golos contra o Sporting em Alvalade, equipado à palhaço não é fácil de perdoar.

Mas lembro-me daquela mítica cabeleira e de uma tarde de sol em que fui a Alvalade pela primeira vez: Sporting 3-0 Salgueiros, dois golos do Cadete e claro que não posso deixar de o reconhecer como um dos nossos.

Grande Cadete! Craque!

Maradona disse...

Neste blogue de touradas descobri que o Cadete também tem jeito para a tauromaquia:

http://farpasblogue.blogspot.com/2009/12/exclusivo-farpas-cadete-como-nunca-o.html

sloml disse...

Maradona, acho que não havia qualquer necessidade de dizer que o Cadete estava equipado à palhaço por estar no Benfica. Parece-me que o teor deste blog não é esse, insultar o Benfica. Parece-me. Posso estar errado.

M. Paim disse...

Calma, calma..não há necessidade de entrarem em confronto ;)
Escolham um jogador que queiram ver aqui, um a cada um para fazerem as pazes

Maradona
Havias de ver as fotos que ele tem lá no facebook dele equipado à toureiro. A juba por acaso devia ter falado mais nela, foi um marco para uma geração :D

sloml disse...

M. Paim, julgo que não disse nada de mal e que o incorrecto aqui não fui eu. Em 56 posts teus, nunca vi aqui um insulto ao Benfica, portanto fiquei um pouco "ofendido" com o que o meu colega de comentários disse. Mas ok.

Por mim, já sabes. JVP is the man. O menino de ouro no Benfica, o verdadeiro artista no Boavista, o pai de Jardel no Sporting. Seja o que for. Foi o maior.

M. Paim disse...

Não não, foste correcto :)

Ok, vou ver onde encaixo o grande JVP

Maradona disse...

sloml, o que tens contra os palhaços?

É ofensivo achar que os tipos do Benfica se equipam com camisolas parecidas com as dos palhaços?

Então, peço-te desculpas, mas é isso que penso.

Ainda por cima o Cadete usava as golas à Cantona, quando jogava pelas papoilas saltitantes, o que ainda lhe dava um ar mais rídiculo... :)

Vá, escolho também o João Pinto, grande escolha smol. E ainda bem que a dupla Cadete-JVP não fez nada de especial no Benfica....

Se não for pedir muito, gostava de ser finalmente esclarecido sobre a cor clubistica do Menino de Ouro/Grande Artista...à atenção do departamento de investigação Mike Di...

Cumprimentos aos dois!

Maradona disse...

Epá, agora fui estúpido. De que serve escolher o JVP, se ele já o foi...
Devia ter elogiado a escolha do sloml mas não ter desperdiçado a oferta do Mike, até estou a ser mal-educado...

Espero ainda ir a tempo; Mike, podia ser o Seminário. Ouvi maravilhas de um suposto antigo colega dele...-

Leva o tempo que quiseres, eu espero...

sloml disse...

Maradona, é ofensivo da forma como tu o disseste. E, por muito que te custe perceber isso (ou então não, porque para falares assim, é porque no fundo gostas do Benfica e achas a sua camisola a mais bonita), a camisola do Benfica é muito bonita, qualquer pessoa vê isso, seja de que clube for. Eu confesso que, embora goste mais da do Benfica, desde que vejo futebol sempre simpatizei com o Sporting e, em criança, isso devia-se mesmo... ao equipamento. O da época 94/95. Portanto, acho que foi uma parvoíce essa boca ao equipamento do Benfica. Aliás, as camisolas do Sporting é que são às riscas... como as dos palhaços... mas ok.

Quanto à cor clubística do JVP, de criança era portista. Depois de ser rejeitado nos escalões de formação dos portistas e de ter crescido no Boavista, ganhou simpatia pelo clube. No Benfica a mesma coisa, depois de tantos anos a defender o clube e a capitaneá-lo. E no Sporting também, se bem que foi mais curto e menos intenso. De coração, JVP era portista. Depois da carreira acabada, parece-me que se divide entre o Boavista e o Benfica, mas mais pendente para o Benfica, pois foi lá que viveu os melhores e mais intensos anos da vida futebolística.

M. Paim disse...

Pronto, assunto encerrado :)

JVP e Seminario...o Seminario talvez demore mais tempo a arranjar fotografias.

O Bruno tem razão, ouvi dizer que o JVP era portista de coração...

Maradona disse...

sloml,tens razão. Por acaso quando era pequeno também achava uma camisola do benfica muito bonita: a do Silvino, que era verde...

Ficou-me na recordação depois de um golo de Balakov aos 12 segundos de jogo.

Cumprimentos. :)

sloml disse...

Não vou responder à provocação, pois já vi que daqui não sairá nada de bom.

Leão da Infante Santo disse...

Craque??? Este??? Símbolo??? De quê???

Enquanto duraram as pastilhas para a tosse, o rendimento foi bom, apenas isso.

Este é um daqueles casos em que aplica a máxima do Variações, "Quando a cabeça não tem juízo, o corpo é que paga..."